segunda-feira, 13 de julho de 2009

BINARIAMENTE PENSANDO

Sexo e Gênero são a mesma coisa? Ou cada qual é coisa alguma? Ou ainda, cada alguma é coisa tal?

Pensar em uma divisão sexo/gênero que parta da noção de que o sexo é a unidade natural de nosso corpo e o gênero é a questão socialmente construída reproduz, segundo Judith Butler, in:(Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003.) um modelo binário que poderíamos aludir ao par significante/significado, posto pelo filósofo Argelino Jacques Derrida, em seu movimento de desconstrução. Uma discussão realizada por Butler é sobre em que medida a distinção sexo/gênero é arbitrária. É o que questiona a autora quando afirma: “Talvez o sexo sempre tenha sido o gênero, de tal forma que a distinção entre sexo e gênero revela-se absolutamente nenhuma” (BUTLER, Problemas de gênero. 2003, p. 25).


É interessante pensar uma confrontação entre o argumento de Butler, em sintonia com a desconstrução que Derrida faz em relação ao par binário significante/significado. No fundo temos duas afirmações análogas, entre Butler e Derrida. Para este, “nada escapa ao movimento do significante e, em última instância, a diferença entre o significado e o significante não é nada” in: Gramatologia: (DERRIDA, 2004, p. 27). Nesta concepção, se não existe essa diferença, tudo o que existe é significante.

Enquanto que de um lado, Derrida desmontou a unicidade do signo, realizando com isso uma crítica tanto a metafísica quanto às filosofias do sujeito, do outro lado, Butler desmonta as concepções estruturantes binárias entre sexo/gênero e masculino/feminino. Derrida realiza uma crítica ao vínculo natural entre voz e sentido e entre significado e significante, enquanto Butler, realiza uma crítica ao suposto vínculo natural entre gênero e desejo. O que está sendo negado aqui, é uma concepção de gênero que sugira que o desejo reflete ou exprime o gênero, e mesmo que o gênero reflete ou exprime o desejo. Assim, o gênero funciona como o sentido a ser expresso pelo desejo.

O que aproxima estes dois pensadores é a crítica que realizam à metafísica e a uma suposta existência de uma essência ou substância, alcançável por uma unidade da experiência. Com Butler não alcançamos uma identidade de gênero por detrás das expressões de gênero, entendendo a identidade de maneira socialmente construída. Na comparação com Derrida, não há significado por detrás do significante, logo, o sentido que temos é efeito constituído pelo conjunto dos significantes.

Beijos e boas leituras.
Gilson Mendes

sábado, 11 de julho de 2009

II Encontro.

Olá pessoas,

Como andam os estudos?

No dia 8 de agosto iremos nos encontrar novamente. No primeiro encontro nos organizamos, discutimos nossa proposta, fizemos vários encaminhamentos, começamos a nos conhecer melhor, mas ainda há novas pessoas que chegarão para se juntar a nós.

Agora é hora de começarmos os estudos pra valer... E to imaginando que será bom demais. Aproveitem esse espaço aqui e já vão postando as questões que surgem ai, afinal a temática é pra lá de atual.

Relações de Poder, Corpos Dominados e Corpos Dominadores.


Oque queremos levar para a discussão...


Bibliografia Básica por ordem de prioridades:


1- Visite, revisite, textos, fotos, vídeos e outros meios mais, que você conhece e tem acesso, relacionados a temática do encontro e aproveite para compartilhar com o grupo.

2- Heinrich Kramer e James Sprenger. Malleus Maleficarum. O Martelo das feiticeiras. Tradução de Paulo Fróes. Editora Rosa dos Tempos. (Leia o quanto quiser e puder).

3- FOUCAULT, Michel,; MACHADO, Roberto. Microfísica do poder. 25. ed. Rio de Janeiro: Graal, 2008. (Soberania e Disciplina).

4- FOUCAULT, Michel,. A ordem do discurso: aula inaugural no Collège de France, pronunciada em 2 de dezembro de 1970. 6. ed. São Paulo, SP: Loyola, 2000. 79 p.

5- JAGGAR, Alison M. Gênero, corpo, conhecimento. Rio de janeiro: Rosa dos Tempos, 1997. 348 p. (Apenas Parte I: O Corpo, O Ser. Muriel Dimen. Poder, sexualidade e intimidade. Págs 42 a 61).

6- MURARO, Rose Marie. Textos da fogueira. Brasília: Letraviva, 2000. 191 p. (Textos selecionados).


Pegue aqui a bibliografia... (http://www.4shared.com/file/117464830/741ea8d9/2_encontro_GAGE.html)


Beijos e aguardamos aqui as primeiras questões...